Francisco Goya, Goya - o Turbulento, ou apenas Goya, é considerado o Shakespeare do pincel. Goya pintou de retratos a demônios, de paisagens a cenas obscenas. O pintor está sendo homenageado em Milão.
Francisco José de Goya y Lucientes (1746-1828), nasceu na Espanha, filho de um dourador*. Iniciou-se na pintura antes dos 14 anos. Mas, por irônico que possa parecer, o Shakespeare do pincel foi recusado pela Academia de Belas Artes de Madri por duas vezes.
*Dourador: especialista na técnica de decoração de superfícies
com finíssima camada de ouro, transformado em lâminas muito
finas, conhecidas como folhas de ouro.
Goya, o Turbulento
Retrato pintado por Vicente López y Portaña
Quando conseguiu ser aprovado para a Academia de Belas Artes de Parma, com menção honrosa, estava lançado à fama. Casou-se, fez desenhos de tapeçaria para fábricas de Madri, pintou cenas folclóricas e paisagens. Iniciou na pintura de retratos.
Reconhecimento. A pintura de retratos lhe trouxe a fama definitiva. Era a consagração! Foi nomeado “Primeiro pintor da Câmara do Rei”, o pintor oficial da família real.
Auto-Retrato - Óleo sobre tela (1771-177)
Retrato de Maria Teresa de Vallabriga on Horseback
Óleo sobre tela (1783)
Retrato da família do Duque de Osuna (1788)
Retrato da duquesa de Alba (1795)
Detalhe do retrato da duquesa de Alba
A doença. Estava tudo muito lindo para ser verdade, concorda?!... Pois é, as coisas não continuaram maravilhindas para o artista. Goya contraiu uma doença desconhecida, e ficou temporariamente sem andar, cego e totalmente surdo. Sua pintura sofreu uma mutação.
O artista amadurece à dor. Com sua saúde, foi-se a alegria das cores e suas telas ficam mais escuras. Continuava a pintar para a aristocracia, mas vê-lhe as mazelas, vê-lhe com sua verdadeira identidade (veja a pintura de Fernando VII, abaixo).
Fernando VII - Óleo sobre tela (1814)
Por outro lado, dedicava às mulheres e as crianças uma visão única. Seus retratos da Condessa de Chichón e de Doña Antônia Zarate estão entre os mais belos quadros de mulheres já pintados.
Retrato da “Condessa de Chichón” (1800)
Retrato de Doña Antônia Zarate (1805)
Os efeitos das guerras sobre o “Shakespeare do Pincel”. As Guerras Napoleônicas (1799 a 1815) e a Guerra da Independência Espanhola (1807 e 1814 ), deixaram um Goya amargo, revoltado com a insanidade humana.
Neste período Goya produziu sua série de 82 gravuras Os desastre da Guerra e duas de suas obras primas - Dois de maio de 1808 e O três de maio 1808 (1810-1814) - falarei delas por aqui em outro post.
“Estragos da Guerra”
"Os desastre da Guerra" – Gravura n. 30
Esta gravura é tida por muitos como antecessora de Guernica (Pablo Picasso – 1937), pela composição caótica, mutilação, fragmentação, objetos espalhados pela gravura, desmembramento de cadáveres, inversão da cabeça da criança...
Goya descreve a insensatez da guerra, sua inutilidade e sua falta de sentido. Não há heróis, apenas assassinos e assassinados.
"E são feras".
"Os desastre da Guerra" – Gravura n. 5
A força das mulheres, mesmo sustentando seu filho
"Que se tem de fazer mais?"
"Os desastre da Guerra" – Gravura n. 33
Na obra, Goya reflete a brutalidade e a barbárie a que se chegou na Guerra da Independência Espanhola
"Isto é o pior!".
"Os desastre da Guerra" – Gravura n. 74
O lobo escreve: "Mísera humanidade a culpa é tua. Casti" (Casti refere-se ao escritor italiano Giambattista Casti, autor de “Os animais parlantes” (Os animais falantes), que havia sido traduzido para o espanhol em 1813
“Isso é pior”
"Os desastre da Guerra" – Gravura s/n.
“Contra o bem geral”
"Os desastre da Guerra" – Gravura s/n.
Goya e a Inquisição. As coisas não ficaram apenas em sua amargura com as guerras. Em 1821, a Inquisição abriu processo contra Goya por suas pinturas “Majas”, consideradas obscenas pela Igreja Católica. O artista conseguiu se sair bem e sua função como pintor da realeza lhe foi restituída.
Maja nua
Maja vestida
As últimas pinturas. As “Pinturas Negras” (1819-1823), foram quatorze quadros pintados por Goya sobre a superfície de reboco, como decoração, nos muros de sua casa, na Quinta del Sordo.
Duelo a bordoadas
Homens lendo
As obras da série Pinturas Negras, do Shakespeare do Pincel, foram transladadas do reboco para a tela, em 1873, por Salvador Martínez Cubells. Atualmente estão no Museu do Prado.
Romaria de San Isidro
Saturno devorando um filho
O artista morreu em Bordeaux (França), em 1828.
fonte-http://mol-tagge.blogspot.com.br/2010/03/goya-shakespeare-do-pincel.html#!/2010/03/goya-shakespeare-do-pincel.html
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