sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Diego Velázquez

A inspiração para o post nasceu do anúncio da descoberta de uma obra inédita de Diego Velázquez – “A Educação da Virgem”, nos porões da Universidade de Yale. Embora ainda não tenham sido ouvidos os especialistas internacionais.

A Educação da Virgem – Diego Velázquez (c. 1617)

O descobridor da pintura, John Marciari, curador sênior da arte europeia no Museu de Belas Artes de San Diego, passou sete anos de sua vida estudando a obra. Marciari afirma que todas as incógnitas foram respondidas em seus estudos.

Estilo, técnica e composição da obra, foram profundamente analisados pelo professor durante seus estudos e só agora a revela ao mundo, certo de que se trata de uma pintura de Velázquez, realizada nos primeiros anos de sua carreira, por volta de 1617.

A pintura, que será restaurada, devido ao seu estado de deteriorização,
levantará debate internacional sobre a autoria final da obra de arte

Outra obra do pintor foi encontrada em 2009, escondida sob camadas de tintas, vernizes e erros de restauração. Após anos de debates, concluiu-se se tratar de uma pintura de Diego Velázquez, exposta no “New York Metropolitan Museum”, desde 1949.

A pintura era considerada obra de um professor de escola em Sevilha – Oficina de Diego Rodríguez de Silva y Velázquez. A retificação da tela intitulada “Retrato de um Homem” se deu em setembro/2009. Entretanto, incógnito ainda é o homem retratado.

Retrato de um Homem - Velázquez

A tela intitulada Santa Rufina, também considerada obra de Velázquez, tem em Jonathan Brown, uma autoridade no trabalho do pintor, um incrédulo. Brown leva em consideração a paleta usada pelo artista de Sevilha. Contudo, a pintura ainda é considerada uma autêntica Velázquez e a Fundação Focus-Abengoa, que a adquiriu em julho/2007, por 12 milhões de euros, tem seu certificado de autenticidade

Santa Rufina – Velázquez ou não?

Não, os especialistas das artes não nos "passam a perna", apenas vincular uma obra esquecida em algum porão, ou na parede de uma casa, não é assim tão simples como pensamos nós,meros mortais. Autentificar uma obra de arte, vai muito além de uma simples olhadela. Às vezes, são necessárias milhões de olhadelas para que um único olhar a reconheça.

Uma obra de Goya demonstra bem esta questão do olhar. Só em 1994, a pintura Hannibal Vencedor, desaparecida por mais de dois séculos, foi encontrada pelo olhar arguto de Jesus Urrea – vice-diretor do Museu do Prado.

Hannibal Vencedor contempla pela primeira vez a Itália dos Alpes (1770-1771)
Francisco de Goya

Para a autentificação de uma obra, além do conhecimento e do olhar dos especialistas em artes, a ciência atualmente é muito utilizada para confirmar, ou não, essas descobertas.

O incrível é que, às vezes, o inverso também acontece, uma obra conhecida como de um pintor famoso, de repente, não passa de trabalho de um seu discípulo. Isso aconteceu com “O Colosso”, por muito tempo atribuída a Goya, atualmente é considerado provável trabalho de Asensio Julia, um seu aluno.

O Colosso – Asensio Julia (discípulo de Goya)

Outra obra atribuída a Goya que sofreu o mesmo revés foi A Leiteira de Bordeaux. Segundo a estudiosa Juliett Wilson, pelo menos parte da pintura é trabalho de sua aluna – e, provavelmente, filha ilegítima –, Rosario Weiss.

A Leiteira de Bordeaux – Goya e Rosario Weiss

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